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Viriato da Cruz
Viriato da Cruz
Viriato Francisco Clemente da Cruz (*Kikuvo/(Porto Amboim), 1928 - + Pequim (China), 13 de Junho de 1973) foi considerado um importante impulsionador de uma poesia angolana, nas décadas de 40 e 50, e um dos lideres da luta pela libertação de Angola. Foi um dos mentores do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (1948) e da revista Mensagem (1951-1952). Foi membro-fundador e secretário-geral do MPLA. Dissidente deste movimento, esteve exilado em Portugal e noutros países europeus, fixando-se posteriormente na China. Teve grande importância no desenvolvimento da literatura angolana, caracterizando-se a sua obra pelo apego a certos valores africanos, quer quanto à temática, quer quanto à forma. A sua produção está dispersa por publicações periódicas e representada em várias antologias, das quais uma - No Reino de Caliban - reúne a sua obra poética. Contexto Histórico Nos inícios do século XX vários países Europeus dirigiam o destino de África. Dividida e explorada entre os senhores colonialistas, sob o pretexto de "missão civilizadora" e "educacional", estes exerciam a sua máxima influência politica e cultural. Portugal não era excepção, emS.Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné, Angola e Moçambique, exerciam a sua presença (assim como nalgumas possessões na Ásia). A literatura angolana começará a florescer ainda no século XIX (considerando o ano do seu nascimento em 1860, com grande influência doromantismo português). Essa literatura modificar-se-á a partir da segunda guerra mundial, irá então buscar a sua influência à literaturabrasileira. A partir de 1945 toda situação politica modifica-se, surgirão por todos os países africanos diversos movimentos de libertação, eram os ventos da mudança que assolavam toda a velha cultura europeia.
Actividade PolíticaViriato fez os estudos liceais em Luanda,no Liceu Salvador Correia (durante anos, centro do intelectualismo angolano), as dificuldades financeiras derivadas da ausência do pai (que cedo abandonou a família) causaram uma vida de dificuldades que o fizeram abrir os olhos à ideologia marxista. Abandonou Angola por volta de 1957 para se dirigir a Paris onde se encontrou com Mário Pinto de Andrade, desenvolvendo uma intensa actividade política e cultural. Na década de 60 tornou-se Secretário-Geral do MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, partido esse que ajudou a fundar, juntamente com Mário Pinto de Andrade. Mais tarde dissabores com Agostinho Neto irão obrigá-lo a abandonar o partido; Neto defendia um comunismo soviético, e Viriato, um comunismo maoísta. Na ChinaVai para Pequim, em 19 de Junho 1966, isto é, no início da "revolução cultural", período em que assistiu à completa idolatrização de Mao Zedong e ao rápido definhamento das estruturas do Partido e do Estado chineses. Os dirigentes chineses recebem-no de braços abertos, pois tinha demonstrado uma enorme capacidade na criação do primeiro Partido Comunista de Angola (PCA) e, posteriormente, do MPLA, primeiro em Conacri e, depois, no Congo Belga (neste foi detido e sofreu torturas, por defender ideias contrárias às estabelecidas). Uma das suas primeiras acções foi o de ajudar a dividir a Organização de Escritores Afro-Asiáticos (OEAA), no decorrer da sua Assembleia Geral Extraordinária, que decorreu em Pequim entre os dias 27 de Junho e 9 de Julho de 1966, em duas agremiações distintas: a pró-soviética, baseada no Cairo, e a pró-chinesa, com sede em Pequim e em Colombo, no Sri Lanka. Os chineses entendiam que Viriato da Cruz poderia facilitar a penetração ideológica do socialismo maoísta no continente africano - o que não sabiam era que estavam profundamente enganados; daí nasceu um grave mal-entendido com consequências trágicas para Viriato e para a sua família. Elabora um relatório onde afirma que os países Africanos, mesmo os mais desenvolvidos, não estão preparados para uma revolução socialista. Demonstra então grande firmeza ao recusar-se a mudar o relatório. Esse aspectos do seu carácter já lhe tinha valido graves dissabores na sua curta vida política quando da crise de 1962-63, no seio do MPLA. O relatório pessimista elaborado por Viriato ia contra a doutrina maoísta da iminência da revolução mundial. Os chineses começaram a ver que Viriato se distanciava cada vez mais das teses maoístas e mantiveram-no como refém. Ele não entendia porque não o expulsavam. Mas os Chineses temiam a inteligência superior de Viriato e as consequências negativas que ele poderia causar à causa maoísta se saísse da China. Últimos anos de vida na ChinaCom o claro propósito de precipitar a expulsão do seu marido e família da China, a mulher de Viriato, Maria Eugénia, derrubou o busto do presidente Mao Zedong. O efeito foi precisamente ao contrário, as autoridades chinesas desterraram-nos para um campo de trabalho na região sul da cidade de Pequim. Os últimos anos de vida de Viriato foram marcados por falta de alimentos, colidindo na fome que acabou por fragilizá-lo. Veio a falecer no dia 13 de Junho de 1973. No entanto, a derradeira humilhação foi a maneira abjecta como foi levado para o cemitério dos estrangeiros: entaipado entre quatro tábuas, transportado num camião militar. Principais obras
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